31 de julho de 2008

The Marketeer

Ontem, dia 30 de Julho, quando os telejornais abrem as suas respectivas edições eu temi estar a ser governado por um magnata americano que é dono, entre muitas de uma empresa informática com o símbolo da maçazinha verde. É verdade, pensei que Steve Jobbs estava a fazer a apresentação de um novo produto da sua marca. Mas depois, vi que não era ele. Distingui o vulto por fazer jogging pelas capitais europeias, por ser um personagem frequente dos fumadores anónimos. Era afinal o nosso tão bem conhecido responsável pela assessoria de imagem e primeiro-ministro do actual governo, José Sócrates.
Lá estava ele, a apresentar o Magalhães, depois de um intenso período de estudo das ultimas apresentações do iPod e do iPhone, eis que fomos congratulados com uma, vá lá, vamos ser sinceros, fraquita a apresentação de um novo “brinquedo”. Para ser sincero, tem mais jeito para apresentar os recortes de jornais sobre os anteriores governos na Assembleia da República.
Num tom mais incisivo, o projecto a meu ver até é interessante. É muito bom, dizer que 500 mil crianças vão ter o “Mhagalais” (assim pronunciado pela Europa) mas acho também que pode ser uma razão primária de defesa, se depois o computador não for vendido em grosso modo ao mercado exterior, digamos, sem ter o Estado a comparticipar o projecto. Porque em Portugal isto de ser Estado-Dependente é engraçado até 2013, depois pode ser nocivo. Não discuto sequer a validade de uma criança ter um exemplar do portátil, até porque acho positivíssimo, pela preocupação em gerar valor de uma criança sem posses estar a iniciar-se e a crescer pelo mundo informático.
Mas a campanha do Markteer, leva a crer que o objectivo é mais do que educar as bases da população portuguesa daqui a uns largos anos. É tornar o produto em êxito comercial. E se for assim, ainda mais premente é para mim, que não seja o “Steve Jobbs português” a fazer aquele espectáculo multimédia. O projecto só por si, é único. Se como afirmam, em características técnicas, no público-alvo a atingir, no preço com que é vendido, tem tudo para ser um sucesso. Mas o senhor primeiro-ministro deve manter a distância entre apresentar um produto e ser actor principal e entre estar presente na apresentação como parceiro de lançamento que o é. Acho que pode haver uma intromissão (intencional ou não) no mercado em relação ao beneficio que um produto está a ter por parte de quem tem de ser imparcial, para lá de já o ser com o protocolo celebrado com o Estado através da produção.