8 de setembro de 2010

De volta...

Pouco tempo para escrever o muito que se passa.

Mas vamos por partes:

Casa Pia - Grande confusão, não dá para ter um opinião concreta, e única coisa que sinto na rua é que se existem 7 pessoas condenadas à prisão, porquê que continuam fora dela. Em sentido inverso vejo pessoas condenadas sem o acórdão, sem saber a razão e os factos que lhes imputam. Será que o processo absorveu a competência dos juízes?

Presidência da República - Cavaco Silva na pole position sem ninguém ao lado para competir pela vitória. Manuel Alegre bem tenta puxar por intervenções extemporâneas, mas deveria saber quem é o actual Presidente da República. E já não bastava isso, tem a ala esquerda minada, e sobretudo iludida nos votos que pensam que irão tirar ao centro e no fundo estão a competir no raio de Manuel Alegre. À Direita, o bom senso tem imperado, embora muitas vezes não seja de todo perceptível. Alguns insatisfeitos querem lançar Bagão Félix mesmo sabendo que não tem qualquer hipótese de ganhar e só trará prejuízo a Cavaco Silva, o único candidato da Right Realpolitik. Penso que saberão pesar o que está em jogo, o que será ter um romântico na presidência que aceita ser apoiado por um partido que o rejeitou e que o apoia forçado e não convictamente.

Bloco de Esquerda - Defende a saída de Portugal da NATO e não quer que tenhamos uma politica de Defesa do território mais intensa. Em que é que ficamos? temos 1230 Km de costa só no continente, será que trata de uma questão de inocência ou romantismo?

Carlos Queiroz - Indigno. Ou somos frontais e damos nome à nossos propósitos ou se o fazemos de forma indirecta e através de meios mais sujos damos uma imagem de 3ª mundo. Mas o pior é o senhor Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, está a receber um salário bem generoso e para o qual só assume preocupações com a pasta do Desporto, e mal.

26 de julho de 2010

Um quarto de século

Podemos nem puxar muito pela memória que certamente virão momentos que recordamos facilmente e que retemos em nós todo o saudosismo possível.
Não podemos enumerar todos que passam pela nossa vida e catalogar de forma racional, todos foram importantes, com importâncias diferentes.
As palavras servem para nos aquecer e é a última coisa que quero fazer neste dia porque tenho tido muitos momentos de sobra para encher a alma.
Vou estar com alguns dos que durante estes 25 anos me permitem acalentar outros 25.

1985 Porto Calém
Vinhos de aroma muito fino. Qualidade excepcional. Um Vintage clássico, com aromas intensos e uma estrutura firme em frutado e taninos. Quase todas as empresas declararam. Tempo excelente. Início do Inverno frio, mas Fevereiro e Março quentes. Alguma chuva na Primavera e temperaturas normais até ao Verão. Junho muito quente, a que se seguiu um Verão normal. Vindima em condições perfeitas.

Engraçado como posso recordar o tempo em que estava a crescer segundo a nascença de um Vintage. Tal como eu, este vinho frutado nasceu num verão normal mas foi celebrado num verão completamente anormal.

Brindei com os que estão perto de mim e a pensar nos que longe estão.

Aos de ontem, aos de hoje,
e sobretudo aos que me acompanham no sempre,
Obrigado

19 de junho de 2010

José Saramago

Desapareceu aquele escritor, aquela pessoa, que tinha um dom para usufruir da liberdade em toda a sua plenitude.
Ideologicamente estamos longe, mas no rasgo libertário, acompanho-o lado a lado.
Dizia o que sentia, o que o feria mas sobretudo dizia o que queria. O seu vulto cobria e enchia de respeito as palavras que proferia. Mesmo quando as palavras encontravam-se distantes do que eu achava ser razoável e sensato.
Deixa um legado grande e sinto-me grato por um português ter disponibilizado a sua arte ao dispor da sua terra. Acho que foi daqueles casos em que recebeu em vida a justa reversão pelo que deu.
Na hora da despedida voltou a receber o agradecimento de todos, porque nós na hora da despedida somos sempre de levantar armas e conceder medalhas.
Desta vez eu não levanto as armas, nem concedo medalhas porque a sua obra é eterna e vamos senti-lo sempre por perto.

26 de maio de 2010

Representar os estudantes na ESGHT

Escrevo após os primeiros meses de responsabilidade na defesa dos interesses dos alunos no Conselho Pedagógico.
Partindo para uma pequena reflexão e vestindo a camisola das funções que me são atribuídas, vejo que todos nós somos livres e temos o direito de expressar a nossa opinião na forma que achámos mais conveniente, mas nesta pele, a nossa opinião é revestida da confiança de alguém. Por isso temos necessariamente de ter um julgamento diferente, uma maior dose de sensibilidade e de abrangência.
Este é o caso de todos aqueles que vêem em si depositadas funções de representação de interesses, como é o meu caso por parte dos meus colegas de curso.
Assim, penso que devemos ter uma irreverência institucional. Quero dizer que temos de percorrer os canais próprios que nos são atribuídos, sem perder o espírito critico.
Até hoje posso dizer que todos os cargos que assumi, todas as estruturas que os suportam, funcionaram e responderam por si.
Os sistemas são feitos para responderem por eles próprios. Quando não o fazem é porque são deficientes e cabe a nós melhora-los. O nosso mostra o porquê de sermos um pilar de referência dentro da Universidade do Algarve.
Possuímos os instrumentos necessários para resolver as questões elementares que nos surgem no dia-a-dia, de modo a que impere o regular funcionamento.
Constato com satisfação que a nossa escola é ágil e eficiente na resposta a dar aos problemas que se colocam. Tal prova é para todos nós a garantia suficiente para que a nossa missão seja bem-sucedida.

Por fim, uma palavra breve de congratulação em relação à elevada taxa de questionários preenchidos referentes aos aspectos organizacionais e funcionais das diferentes unidades curriculares.

30 de abril de 2010

Senado Académico da Universidade do Algarve

Tendo eu o entendimento que a AAUAlg tem como fim a defesa dos interesses dos alunos, não percebo como ainda não surgiu uma crítica de qualquer espécie ao processo eleitoral para o Senado. Um órgão que já deveria estar eleito ou desencadeado desde 23 de Abril do ano passado, um órgão consultivo que tem uma indicação clara de representação por parte dos alunos e que por isso mesmo deve haver uma clarificação por parte dos nossos representantes quando as condições da nossa participação não estão reunidas na sua totalidade. E falando com conhecimento de causa, pois estive na mesa de voto do dia 26 desta semana.. Houve um planeamento incapaz de proporcionar numa primeira fase conhecimento do acto eleitoral e numa segunda fase a oportunidade de quem quisesse utilizar o seu direito de exercer o direito de voto o fizesse livremente através do conhecimento do processo.

Ninguém, e quando digo ninguém refiro-me aos alunos, estava preparado para uma votação uninominal. Se quando as votações são constituídas através de listas integradas por vezes causam estranheza para os alunos, o que dizer das uninominais.

Desta vez não se pode atirar a culpa aos candidatos e apontar-lhes o erro de não terem feito um esclarecimento e uma promoção cabal do acto eleitoral porque simplesmente não houve candidatos. Se estas responsabilidades que referi não são assumidas nos candidatos, têm de obrigatoriamente ser assumidas por alguém.

Ora, respondendo à pergunta se o Senado já devia estar eleito, acho que é unânime que já. Mas se não está, não devíamos enjeitar a possibilidade de fazer as coisas com a maior exigência possivel e não menos importante com o respeito que a identidade da instituição Universidade do Algarve nos deve merecer.

Não chega publicar nos portais das Escolas e Faculdades e no portal institucional da universidade. No caso dos alunos, sabendo que existem núcleos pedagógicos e uma associação académica em sua representação não percebo a sua não utilização como canal se não privilegiado, pelo menos de parceiro na comunicação do acto eleitoral. Não é o mesmo informar uma comunidade de docentes e informar uma comunidade extensa como é a de alunos.

Seria melhor não falar nos parcos alunos que votaram e que não sabiam para que órgão estavam a votar e no procedimento de voto que lhes era absolutamente desconhecido. Quem assumiu funções na mesa como foi o meu caso, correu o risco de ser eleito por somente estar presente naquele momento.

Não quero com isto dizer que o resultado da adesão dos alunos fosse diferente, mas estaria assegurado que o acto correspondia à vontade expressa dos alunos e que todos estariam conscientes da opção que tinham tido no dia 26 de Abril.

Faltou sensibilidade para a instauração desta primeira eleição para ao Senado. Faltou respeito por este órgão e permitam-me o desabafo, acho que nasceu torto por parte dos alunos na adesão, mas sem responsabilidade dos alunos. Espero que se tenha aprendido e para o próximo acto eleitoral se tenha aprendido com o que correu menos bem.

Obras feitas!

Mais adaptado às novas tecnologias e com um visual diferente. Um investimento não monetário mas de tempo que acho que valeu a pena.

2 de abril de 2010

Facebook, What else?

Já sabemos que a política nos Estados Unidos assume dimensões talvez, únicas.
Neste caso já sabemos o histórico de importância que as redes sociais tiveram na últimas presidenciais, mas continuam a assumir uma centralidade crescente na vida politica americana. Chegam ao ponto de criar um índice actualizado semanalmente, que indica a popularidade de cada politico...no Facebook.
Dos dez que constam no ranking, Barack Obama lidera sem surpresa (quase 8 milhões de fãs). Em 2º lugar e bem atrás, vem Sarah Pallin, antiga candidata a vice-presidente dos Republicanos com pouco mais de 1 milhão e meio de fãs. Mas depois se formos com mais pormenor às respectivas páginas, verificamos que existe uma alucinante interacção a cada nova publicação que surge.
Claro que estava curioso em puxar um pouco atrás e ver as publicações sobre a reforma do sistema de saúde. Pois, 115 mil pessoas interagiram no momento do anúncio e quase 15 mil chegaram mesmo a publicar um comentário. Incrível!

Para quem quiser ver:
Autor do índice: http://techpresident.com/

28 de março de 2010

É o Benfica!

Ao ler um artigo sobre a vida de um treinador de futebol no desemprego nesta sexta-feira no jornal I dou nesta descrição que José Carlos Pereira faz de Guardiola - "É inteligente, com capacidade de liderança interessante e um catalisador de tudo o que há de bom no clube" continuando, "À volta da face visível que é o rendimento da equipa há muitas coisas, a cultura do clube, a capacidade do plantel, as ideias do treinado. O actual Barça é o reflexo de tudo isso."

Surge na minha cabeça quase a sublinhar o que antes lera, que o maestro da fantástica orquestra que é o Barcelona, é um profundo adepto do clube, foi jogador e viveu na idolatria que um jogador nestes grandes clubes pode viver. Mas transpor este pensamento, transpor esta cultura para alguém que é adepto de um clube rival é algo que dá que pensar, pelo fascinante que isso pode significar.

Olho para Jorge Jesus e vejo esse caso paradigmático. Acho que é uma prova suprema e bem viva que somos um clube que representa a par de poucos um fenómeno social intenso e de curiosa interpretação.

Tantos anos passados de vitórias, deixamos de ser hegemónicos e continuamos a pensar que o éramos. Não soubemos reconhecer que estar vivo mas adormecido não a mesma coisa de estar vivo e bem acordado. A nossa cultura de exigência para com o sentimento de vitória foi diminuindo, a nossa euforia desproporcionou-se com o passar do tempo. Fazíamos intenção de dizer que seria uma questão de tempo até voltarmos a dominar, mesmo sabendo que a realidade não demonstrava isso, mesmo sabendo que a razão muitas vezes não entra em casa quando falamos do Benfica.
Nisto, quando chega um senhor, de cabelo grisalho e diz de peito feito que o objectivo para o qual estava ali era o de ser campeão. Coloca nas nossas faces um misto de "agora é que vai ser" e de "nem à champions fomos e quer ser campeão". Parece que toda a gente de fora via e sabia o que fazer, menos nós.
Dizia que ia jogar o dobro e a nós já nos bastava jogar melhor. Quando demos por nós andávamos a ganhar e a limpar à goleada quem no passado se ganhássemos pela margem mínima era motivo de contentamento.
Hoje o Benfica é o Benfica, a razão já não anda mais deslocada e tudo porque um senhor soube respirar a nossa grandiosidade...de fora. Viveu de fora o nosso sofrimento por dentro, soube ler e entrelaçar a oportunidade de uma vida que nos últimos anos poucos souberam dar o devido valor.
O nosso reflexo actual é de alguém que viu por fora a angústia que é impossível de conter cá dentro. A nossa cultura extravasa portas e para o bem e para o mal, faz com que nós sejamos enormes.

5 de março de 2010

Sentimento económico

Henrique Granadeiro no flash interview a seguir à publicação das escutas disse que se sentia e passo a citar "encornado".
Após a renúncia de Rui Pedro Soares, e juntamente com Zeinal Bava elogia o renunciante quanto à sua postura como profissional. Numa analogia, imagine-se que num casamento comum, o marido trai a mulher, esta diz ao seu círculo de amigos que foi encornada e como consequência o marido tem a decisão de pedir o divórcio. A mulher encornada, diz aos mesmos amigos que a decisão de se divorciar por parte do seu ex-marido revela o empenho e responsabilidade com ele exerceu todas as funções que lhe foram atribuídas pelo casamento, e mais, regista a dignidade da sua atitude ao renunciar ao seu estado civil e por ser esta a atitude que melhor corresponde ao dever fiduciário de proteger a imagem e reputação da instituição casamento.
Depreendo que exista um sentimento económico no meio desta história, só assim se poderá entender o que aconteceu. Mas no meio desta autêntica carta de recomendação que Henrique Granadeiro e Zeinal Bava fizeram, e na tentativa de os perceber, fico a pensar se não haveria espaço para um perdão...

19 de fevereiro de 2010

Escutas ao Sol

Para começar não acho que estejamos a viver um período de censura onde o lápis azul voltou a rasurar os jornais antes das edições fecharem. Mas não posso deixar de assinalar como Mário Crespo diz, "um clima de censura nos media".

O caso "Face Oculta" que se tem falado com insistência, alavanca consigo várias questões. O porquê do estado ainda deter a Golden Share, o porquê dos membros indicados pelo governo para ocupar cargos públicos não possuírem uma carteira profissional condizente com as funções que desempenham e por último, talvez a questão mais perturbadora, a ingerência dos grupos económicos detentores dos órgãos de comunicação nas respectivas linhas editoriais.

Se recuarmos até ao último verão e à história da compra da TVI pela PT, o negócio que segundo Zeinal Bava dizia que era estratégico pelos conteúdos multimédia, o negócio que José Sócrates dizia desconhecer, agora não é mais do que uma história de embalar. Na altura o Governo para travar a crescente mediatização do caso e corta-lo pela raiz ameaçou accionar o poder de veto que que Golden Share proporciona caso as negociações fossem avante. Também na mesma altura não sabia que nos representantes indicados pelo Governo para a Comissão Executiva da PT tinha um senhor chamado Rui Pedro Soares.

Devido à extrapolação do caso, hoje podemos saber com mais pormenor quem é este figurante que tem a função de representação estatal. A experiência profissional pensamos nós de boa-fé que nem deve ser colocada em causa, isto quando vemos que um licenciado em Gestão de Marketing pelo IPAM no Porto, que foi assessor de dois eurodeputados do PS, que teve uma passagem pelo departamento de marketing da Cetelem, que foi vereador sem pelouro pelo PS na câmara municipal de Lisboa após derrota de João Soares, é plantado numa das maiores empresas portuguesas a ganhar cerca de 2.5 milhões de euros ao ano. Se olharmos somente para a experiência profissional derivada da qualificação fica-se a pensar que era imperativo dar um pouco de brilho ao curriculum. Fica a assessor na comissão executiva da PT Multimédia em áreas que a experiência profissional manifesta desconhecimento e passado um ano toma posse como administrador executivo. Agora vamos fazer o exercício de pensar onde estaria este senhor se a Golden Share já não existisse. Deverão estar a pensar o mesmo de que eu, estaria noutro lugar na máquina governamental devido às suas excelentes capacidades atrás evidenciadas, pois claro.

Depois deste cartão-de-visita, e não sei se foi aconselhado por alguém, mas esta figura teve a ideia inoportuna de colocar uma providência cautelar para evitar a publicação das escutas. Pensando meramente no campo das hipóteses, se no quadro jurídico existe essa opção porque não a accionar. Não podemos fazer uma crítica pela utilização deste meio jurídico, podemos sim criticar ter sido mal dirigida e ser inócua. Diga-se de passagem que as escutas foram arquivadas e deixaram de estar abrigadas pelo segredo de justiça.

A tentativa de manter por pelo menos 30 dias a publicação das escutas na gaveta só deu lustro a um sapato já de si bonito. Confesso que se as escutas não fossem publicadas no SOL iriam para certamente a um blog ou seriam transcritas no youtube como aconteceu no caso Apito Dourado. Por isto acho a providência cautelar inócua, porque não consegue ser eficaz ao ponto de evitar que a opinião pública saiba do conteúdo das escutas. No aspecto formal tudo muito bonito mas depois faltou um pouco de perspicácia.

Mas para quem leu a edição do SOL de sábado (sim, eu fui dos que não conseguiu comprar sexta-feira) viu o esplendor com a que pressão de interesses superiores entra pelos gabinetes dos directores de órgãos de comunicação social. Isto levanta a questão de com que bases partimos para estabelecer um relação de confiança nas respectivas linhas editoriais após este caso?
Espero sobretudo que este caso exista para haja um contágio de desobediência civil generalizada na imprensa em defesa do interesse público. Ficamos sem garantias de que todos se pugnam para que a verdade saia crua para as bancas.

No Público sai o José Manuel Fernandes e entra outra direcção editorial a dizer que o jornal tinha deixado de ter uma agenda politica. No DN e JN os respectivos directores recebem recomendações para terem e cito "cuidado com as perguntas que andam a fazer". Na TVI arruma-se a Manuela Moura Guedes e manda-se o director do canal embora. Na RTP passam os anos e o serviço público editorial aos sucessivos Governos é mantido. O Diário Económico é comprado pela Ongoing que é referida como o plano B.

Vamos ter de continuar a conviver com estas flutuações do mercado e de quem manda. Da mesma forma que se exige ao actual Governo a uma sã convivência com a opinião diferente, parece que o papel que nos é reservado no enredo é de separar o trigo do joio. A sorte é que ainda existem uns perturbados em tentar repor o senso público.

21 de janeiro de 2010

Reflexão sobre as eleições na AAUAlg

Passou algum tempo. Poderemos fazer uma reflexão mais ou menos ajustada, tenho a consciência que existem pedaços da história que influenciam mais para um lado ou para o outro. Mas também existem os pedaços da história que por força da sua natureza devem ser inquebráveis. Não podemos utilizar todo o tipo de meios justificando os seus fins. Receio que muita da carga dramática imposta ao longo da campanha eleitoral não seja acompanhada de igual forma, tanto na derrota como na vitória.
Decerto que todos os puritanos não esperam que de repente apareça uma amnésia politicamente correcta. Um instrumento que impeça que se olhe para trás.
Bem, se acreditam serão ludibriados pela vossa astúcia cega mas não vinculativa.
Na hora de entregar as chaves da vitória e da bajulação não faltaram com certeza personagens. Devemos saber o momento de ser politicamente correctos e devemos saber quando não devemos ser tão submissos.
Passado este tempo de hiato, devo confessar que foi uma experiência bastante enriquecedora e estimulante.

A história é sempre construída por parcelas que se encaixam umas nas outras. Muitas completamente dependentes umas das outras. A palavra evolução existe partindo do princípio que existe um determinado estádio e que este tem um processo de crescimento, de desenvolvimento que o levará a outra estrutura. Com isto quero dizer que é profundamente errado querer discutir o futuro sem o poder apoiar em bases passadas. Houve um obstáculo constante a referências passadas. Percebo perfeitamente que queiram que os candidatos a uma direcção geral (DG) projectem as suas ideias, mas é contra producente que não se explique o teor de acções que claramente influenciam os projectos que cada um possa vir apresentar, tendo em conta que algumas ideias são influenciadas por políticas anteriores. Uma coisa é querer como muitos chamam e com razão lavar "roupa suja", outra é propor a evolução explicando como, porquê e para quê.
Aqueles que esconderam ou pactuaram com quem foi lascivo nos interesses da Academia serão sempre cúmplices de alguns problemas refutados pelos alunos. Continuo a não pactuar com aqueles que não defendem e não defenderam o trabalho como a legitimidade verdadeira para estar no serviço público. Vou ser sempre rígido quanto a isto.

Quando mais o tempo avançava, mais de perto via-se aqueles que estavam a lidar com estes assuntos de forma mais conhecedora e pragmática. Se por um lado queremos sempre contar com os melhores, por outro deve-se ter a obrigação moral de atrair novos actores para o associativismo. Aquilo que não se deve permitir a ninguém é a sobreposição. Quando vemos estudantes sem qualquer tipo de experiência a dar o corpo às balas, quando vemos estudantes que para além da vontade, não se esquecem da humildade temos de aplaudir e nunca tentar esfriar as suas acções. É no mínimo desonroso tentar ombrear com estas situações. Devemos sempre tentar proporcionar integração e nunca afastamento.

Na nossa vida, ao longo do tempo iremos ocupar cargos que nos exigem postura e distanciamento. Não deixamos de ter a nossa opinião, o nosso pensamento. Devemos ter em conta quando podemos ou não representar o nosso interesse sem afectar o geral. Mas nunca colocar o ego à frente do interesse a que se está vinculado.
Durante estas eleições havia uma noção que provavelmente iríamos ter uma segunda volta para a DG. Esta segunda volta assumiu um carácter diferente da primeira. Com todos os órgãos já eleitos menos a DG iríamos ter à prova o princípio que eu acima referi. Sinceramente não consigo ter o alcance suficiente de todos os órgãos para dizer quem soube fazer a diferenciação. Mas existem dois órgãos inequivocamente importantes na composição da estrutura electiva que pela sua essência devem ser imparciais. A Assembleia Magna e o Conselho Fiscal. Quem fosse o vencedor deve ter uma colaboração estreita com estes dois órgãos.
Como disse, podemos ter as nossas preferências mas tendo sempre em conta o interesse geral. A imparcialidade não pode ser oferecida como garantia numa campanha eleitoral e depois da eleição à primeira ocasião ser esquecida. É de uma falta de noção total do interesse geral dos alunos e que coloca em causa uma politica de actuação isenta e que se pretende de julgamento independente da DG.
O que se passou no dia da eleição com representantes do conselho fiscal eleitos, a ter actividade parcial a favor de uma lista em desfavor de outra é uma demonstração clara da violação e da clara tendência que não nos garante que o trabalho a que foram sufragados seja desempenhado de forma correcta. Por mais desculpas que se idealizem, nenhuma irá repor o capital de confiança destruído. Seria quanto a mim e quanto a todos que defendem a independência dos órgãos não haver consequências para este tipo de atitudes. Quer por respeito a eles próprios, quer pelo respeito que devem a todo o edifício associativo da Universidade.

O direito de exigir responsabilidades não se esgotou. Pelo contrário, aumentou pelo conhecimento que adquirimos. Quem se alhear será somente mais um.

Vai sendo altura de na nossa sociedade exigir-se a cobrança de responsabilidades, e nós que seremos os líderes do amanhã, não podemos pactuar com esta indiferença constante.

8 de janeiro de 2010

Assim vai Portugal...

Isto é politica pura, jogamos todos este jogo. Mas será que as actuais futuras gerações terão poder suficiente para ter o discernimento necessário de ver o que está a passar?

O casamento entre homossexuais foi aprovado no Parlamento há minutos. Por mim já deveria ter sido aprovado.

Maioria de esquerda, suposto tema de esquerda, aprovado pela esquerda. Não vislumbro grandes problemas e para mim é um direito que assiste a quem o quiser aplicar. Penso mesmo que a minha geração e as antecedentes terão esta visão menos apegada a costumes bastante tradicionalistas e tendem todos para a respectiva legalização.

Para mim o problema grave é outro. Como disse o Presidente da República (e assinando por baixo) devemos neste momento concentrar-nos nas questões que nos unem e não nas que nos fracturam. Está certamente em causa um desmembramento de opinião momentâneo que o tempo atenuará mas que podia ter sido adiado ou antecipado.

Mas a noticia que marca o dia é outra. A taxa de desemprego atingiu 10.3% (http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1417211) e tem vindo sempre subir . Ontem Portugal ficou a saber que o valor que produzimos já não chega para as dividas acumuladas e em 2015 chegará aos exorbitantes 125% de rácio da dívida pública (http://www.ionline.pt/conteudo/40738-bpi-grandes-obras-vao-pesar-no-bolso-do-contribuinte-mais-cedo-do-que-se-pensa)

Até quando poderemos viver assim descontrolados? Não sei, mas hoje seguramente o assunto principal será o casamento entre pessoas dos mesmo sexo e o quanto isso irá contribuir para a felicidade dessas pessoas. Mas esquecem que existe uma situação gravíssima que irá afectar gerações futuras na sua estabilidade e felicidade. Eu sei que neste momento não parece ser tão fracturante, mas é um engano. Está em causa uma mentalidade incomportável e que quero ter fé que a minha geração não se coaduna e que vai ter a coragem de ter uma atitude responsável. Mas infelizmente não vamos poder ter essa opção. Vamos ter mesmo de ser responsáveis.