27 de junho de 2009

Oportunidade perdida

Está decidido e não se pode fazer nada. As próximas eleições Autárquicas e Legislativas irão ser separadas. Mas acho perfeitamente razoável e numa óptica financeira mais ainda que as duas fossem no mesmo dia.
Já houve um caso em 1987 que permitiu atestar que a população sabe fazer a distinção nas urnas. De acordo com o "Público" as eleições ficariam por 19 milhões de euros e com a junção das duas pouparia-se cerca de 4 milhões de euros. O factor financeiro e o factor abstenção seriam as faces mais visíveis do pragmatismo de duas eleições em simultâneo.
A posição dos partidos era clara. Todos contra as eleições no mesmo dia, tirando o PSD. Achei bem que a posição do partido fosse clara e bem definida. Claro que está adjacente uma estratégia de tirar dividendos eleitorais juntando as eleições, seria falta senso não referir isso.
Mas espero sobretudo que em diante e principalmente quando surgir a oportunidade de ser governo outra vez, os argumentos hoje válidos sejam acompanhados de uma certa dose de coerência e a posição assumida hoje seja avaliada numa próxima vez.
Assim se afirma a credibilidade na politica e se implanta solidez no discurso que tantas vezes está afastada no nosso sistema politico.

25 de junho de 2009

TVI é melhor que acendalhas!

Confusões desnecessariamente necessárias é a classificação para a noticia sobre a compra dos 30% da TVI por parte da PT.
Vamos por partes, o estado tem uma "Golden Share" na PT. Ou seja, o Estado reserva para si pareceres sobre a gerência do grupo detendo uma posição accionista e podendo vetar decisões estratégicas para a empresa como a compra e alienação de activos.
Desde à alguns anos que a Comissão Europeia tem vindo a lutar pelo fim das "Golden Share's" e o Estado tem até ao fim do próximo mês de Julho para justificar o porquê de ainda ter esta posição de vantagem.
O enquadramento, a harmonia em que esta situação se dá é no mínimo bastante suspeita.
O mesmo canal tem na sua grelha um jornal que à sexta-feira (independentemente das peças jornalísticas) não tem sido agradável para o actual governo, inclusive o primeiro-ministro já se insurgiu directamente contra a apresentadora. Juntando a isto, na última semana falou-se da candidatura de José Eduardo Moniz à presidência do Benfica, o que provocaria a sua saída de Director-geral da estação, e consequentemente poderia ditar um rumo editorial diferente do até aqui demonstrado. Se cruzarmos os dados conseguimos ver que é estranha a sucessão de factos.
Mas se o Estado já tivesse abdicado a sua posição, o actual Director-geral tivesse sido candidato ao Benfica e depois houvesse uma alteração da linha editorial da TVI não haveria muito a cruzar com decisões politicas.
Mas a TVI tem sido uma fogueira que queima este governo, mesmo nestes dias quando nada o poderia fazer prever. O debate na assembleia da República vi os primeiros cartuchos a serem queimados e nunca pensei que isto chegasse a estas proporções. Mas agora fazendo uma recapitulação do que se tem passado, desde a eficácia com que Manuela Ferreira Leite atacou este assunto na entrevista na SIC, à vigorosa chamada de atenção que o Presidente da República fez sobre o caso e que provocou que Zeinal Bava (CEO da PT) fosse ao telejornal dar explicações.
Mas entretanto, houve uma inversão estratégica do governo e o negocio foi por água a baixo porque o efeito estava a ser demasiado perverso. Concluindo, o arranjo que como dizem estava a ser feito à uns meses ao mais alto nível entre as instâncias governamentais e empresariais, só deu prejuízo ao PS e ainda deu para dar mais balanço á oposição.

10 de junho de 2009

Europeias

Estas eleições foram exemplares em diversos aspectos.
Mas houve um que continua, e principalmente nestas eleições (Parlamento Europeu) a ser negativo. A elevada abstenção. Sabemos que o cenário foi semelhante pela Europa fora mas devemos é ter a preocupação presente dentro deste canto à beira mar. Parafraseando o professor Marcelo "
Não votar é deitar fora um direito e perder autoridade moral para criticar os eleitos e os seus mandatos". Na noite de domingo ao jantar perguntei quem tinha ido votar da família e em 9 pessoas 7 não quiserem exercer o seu direito. As razões variavam pelo desalento com a vida politica actual, pelo desinteresse que estas eleições significavam, a preguiça de a secção de voto ser relativamente longe. Eu dentro do possível ainda tentei incentivar o voto de Norte a Sul. Continuarei a fazer um esforço para compreender a ausência de vontade para votar, mas fico desconcertado ao ver essas mesmas pessoas cheias de autoridade moral a discutir a legitimidade que depois os eleitos possam ter.
Passando à substância destas eleições, muito se falou de não se discutir politicas verdadeiramente Europeias. Acho que seria difícil isso acontecer no actual contexto. Se pararmos um momento no tempo, verificamos que ultimamente o que tem faltado é humildade para ouvir os sinais vindos da população, descer à terra, não refugiando em mera teoria os problemas diários. É claro que por conveniência estratégica convinha ao PS tentar entrar com a campanha dentro da "Europa". Mas seria falta de visão politica aos restantes partidos, da esquerda à direita não centrarem a sua acção sobre a crise. E assim foi. Agora é demasiado fácil comentar o perfil dos candidatos e estabelecer a devida comparação com os resultados de domingo. Acho que foi muito bom ter candidatos novos como Nuno Melo e Paulo Rangel, ar mais fresco para a nossa vida politica. O Bloco com o irmão Portas e a CDU com Ilda Figueiredo seguiram as orientações dos últimos anos e capitalizaram o descontentamento existente. O PS com Vital Moreira demonstrou a sensação do "Cavalo errado". Foram demasiados erros, a obrigar Sócrates a entrar mais na campanha mas já sem margem para justificar os tiros nos pés. E agora também não é difícil dizer que Vital Moreira fez uma actuação tão amorfa e sem ideias quanto o teor do Congresso de Espinho em que anunciaram o seu nome.
Um apontamento para o descalabro das sondagens. Já não é a primeira vez e são autênticos suplementos vitaminicos para as maiores vitimas. Que diga o CDS!!
Cantaram vitória 4 dos 5 partidos com assento parlamentar. A politica é pródiga nestes coisas, até mesmo ver na noite da vitória pessoas que desde o primeiro momento utilizam os seus instintos em sentido contrário, mas para quem conhece o meio...é política.