19 de abril de 2011

Irlanda e Grécia. As nossas incubadoras?

Muito se discute acerca da situação económica actual e discute-se aspectos genéricos normais nestas circunstancias. Quanto dinheiro precisamos de receber? Quantos anos vamos precisar de receber ajuda?
Questões até à bem pouco tempo levantadas de forma habitual nos países que receberam ajuda.
Penso que o facto de a Irlanda e a Grécia terem recebido a ajuda internacional trouxeram outras questões. Mas a principal que se impõe é se já haverá uma análise comportamental na ajuda aplicada que permita corrigir algum aspecto que não esteja a surtir efeito.
Assim sendo, podemos nós sair beneficiados tecnicamente da solução aplicada anteriormente, havendo por isso uma maior ponderação nas condições exigidas como garantia pelos países/instituições credoras?
Temos assistido a uma ténue resposta a esta pergunta. A designada "Troika" composta por técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia (CE), do pouco que transparecem, terão visões diferentes do que está acontecer na Irlanda e Grécia. O FMI fala em juros mais baixos e num período mais largo para proporcionar metas de crescimento. Ou seja, uma solução mais equilibrada e ponderada, algo que parece esbarrar no cepticismo do BCE e da CE, que demonstram continuar a preferir mais dureza.
Mas a solução a aplicar em Portugal tem definitivamente de colocar um ponto final ao contágio...europeu. E assumindo com seriedade a nossa responsabilidade na má gestão das nossas contas, não é menos verdade, que se o problema for mal resolvido, como as dúvidas levantadas em relação à reestruturação da dívida na Grécia indicam, países como a Espanha, Bélgica e até mesmo a Itália poderão ser arrastadas e tornar insustentável uma situação que já de si é alarmante. Portanto seria a meu ver, nestes pressupostos que devia assentar a negociação. Obviamente responsabilizarmos pela dívida, comprometer-nos seriamente em assumir os sacrifícios que intrinsecamente a solução acarreta, mas lembrar que se a solução for como em Atenas, isto poderá ficar ainda mais negro e não é só para Portugal.
Muito do que falamos assenta para já em especulação, mas será que podemos receber uma solução numa versão mais madura daquela que começou a ser aplicada em Novembro de 2010 na Irlanda?
Esperemos que sim.

Paralelismo

Existe uma coisa que me intriga verdadeiramente. Vi talvez no ensino superior o caso mais paradigmático de que o mérito ideológico e ético das pessoas não recolhe a preferência de uma forma predominante.
Anda-se constantemente aclamar que a classe política tem uma gritante ausência de sentido público e é composta por pessoas do pior que existe na nossa sociedade. Mas os mesmo jovens universitários que fazem abertamente esta crítica, não conseguem avaliar num simples acto eleitoral académico, as ideias e a ética dos que corajosamente vão a julgamento. Deixam-se ir pela demagogia e pela amizade, pela imagem e muitas vezes pela utopia. E raramente julgam verdadeiramente a capacidade académica e o conhecimento profundo dos problemas.
Deixo excluídos aqueles que na sua consciência, permitem que a coerência de pensamento que sempre tiveram não os desassossegue.

Nota: Falo exclusivamente das sensações da minha experiência universitária.

15 de abril de 2011

Ar Fresco na nossa Política

Hoje foi dia de sabermos quem encabeça os círculos eleitorais pelo PSD. Se alguns nomes era já previsíveis, outros não deixam de surpreender, e que boas surpresas. Carlos Abreu Amorim e Francisco José Viegas.
Saúdo esta gente que salta para a cadeira do perigo de Portugal. A cadeira de assumir algum cargo político e perder a seriedade e honestidade que podiam perfeitamente manter se estivessem a escrever num jornal, no comentário televisivo ou no seu blog. É assim que que se vê que não tem pejo em mexer na chafurdice. Venham e não se percam ou melhor venham e não deixem que alguém se perca.

13 de abril de 2011

Fernando Nobre

Antes de verdadeiramente falar sobre este senhor, fui desbobinar a campanha eleitoral para a presidência da República e cheguei um ponto de situação.
Fernando Nobre é coerente. Quem apoia Durão Barroso, Mário Soares e o Bloco de Esquerda para as eleições Europeias define uma linha de emoção, nem que não seja mais do que instabilidade momentânea de pensamento. Ou seja, este senhor ao incorporar as listas do PSD não se estreia. Pode ser discutível em alguns pontos de vista, mas não pode ser estranho, de todo.
Existe também aquele prisma de que isto é uma fraude, mas está ao nosso alcance ver se o copo está meio cheio ou meio vazio. Ora apoiar o Durão Barroso e depois apoiar o BE não é fraude, virar o leme outra vez já o é.
Ora Mário Soares acha que este senhor não pode ser presidente de Assembleia da República porque não tem experiência e porque principalmente condiciona o cargo por já estar comprometido com ele próprio. Como alguém hoje disse e bem, o senhor Mário Soares quando foi para o Parlamento Europeu já estava apalavrado e não foi a sua histórica experiência que o impediu de abandonar o mandado a meio.
Mas para mim o ponto mais crítico é o afirmar tão decididamente que não aceitava cargos para deputado e depois voltar atrás. Isto cria desconforto na minha aceitação plena enquanto pessoa que encabeça um mandato e que na fronteira da denúncia do interesse público possa voltar atrás e calar-se.
Mas também devemos ter a consciência de que com o actual sistema político, e não adianta discuti-lo agora, esta é a única forma de um independente entrar na Assembleia da República como deputado.
Quanto ao resto, e igual à minha primeira percepção, parece-me que esta incorporação nas listas de deputados por parte do PSD é um abertura total à sociedade civil e isso é só de elogiar.

12 de abril de 2011

Situação Económica I

Estou numa fase expectante, mas seguro de quem for para o poder está seguro de duas coisas.
1ª Não pode falhar, com o risco de colocar este sistema político na falência.
2ª O espaço de manobra é tão reduzido e tão controlado por mãos externas a nós que estaremos em piloto automático nas questões económicas.

Aliás, este segundo ponto coloca-me a pensar na resposta a esta pergunta. Que liberdade económica teremos com a entrada das instâncias internacionais, pouca ou mesmo nenhuma?