21 de janeiro de 2010

Reflexão sobre as eleições na AAUAlg

Passou algum tempo. Poderemos fazer uma reflexão mais ou menos ajustada, tenho a consciência que existem pedaços da história que influenciam mais para um lado ou para o outro. Mas também existem os pedaços da história que por força da sua natureza devem ser inquebráveis. Não podemos utilizar todo o tipo de meios justificando os seus fins. Receio que muita da carga dramática imposta ao longo da campanha eleitoral não seja acompanhada de igual forma, tanto na derrota como na vitória.
Decerto que todos os puritanos não esperam que de repente apareça uma amnésia politicamente correcta. Um instrumento que impeça que se olhe para trás.
Bem, se acreditam serão ludibriados pela vossa astúcia cega mas não vinculativa.
Na hora de entregar as chaves da vitória e da bajulação não faltaram com certeza personagens. Devemos saber o momento de ser politicamente correctos e devemos saber quando não devemos ser tão submissos.
Passado este tempo de hiato, devo confessar que foi uma experiência bastante enriquecedora e estimulante.

A história é sempre construída por parcelas que se encaixam umas nas outras. Muitas completamente dependentes umas das outras. A palavra evolução existe partindo do princípio que existe um determinado estádio e que este tem um processo de crescimento, de desenvolvimento que o levará a outra estrutura. Com isto quero dizer que é profundamente errado querer discutir o futuro sem o poder apoiar em bases passadas. Houve um obstáculo constante a referências passadas. Percebo perfeitamente que queiram que os candidatos a uma direcção geral (DG) projectem as suas ideias, mas é contra producente que não se explique o teor de acções que claramente influenciam os projectos que cada um possa vir apresentar, tendo em conta que algumas ideias são influenciadas por políticas anteriores. Uma coisa é querer como muitos chamam e com razão lavar "roupa suja", outra é propor a evolução explicando como, porquê e para quê.
Aqueles que esconderam ou pactuaram com quem foi lascivo nos interesses da Academia serão sempre cúmplices de alguns problemas refutados pelos alunos. Continuo a não pactuar com aqueles que não defendem e não defenderam o trabalho como a legitimidade verdadeira para estar no serviço público. Vou ser sempre rígido quanto a isto.

Quando mais o tempo avançava, mais de perto via-se aqueles que estavam a lidar com estes assuntos de forma mais conhecedora e pragmática. Se por um lado queremos sempre contar com os melhores, por outro deve-se ter a obrigação moral de atrair novos actores para o associativismo. Aquilo que não se deve permitir a ninguém é a sobreposição. Quando vemos estudantes sem qualquer tipo de experiência a dar o corpo às balas, quando vemos estudantes que para além da vontade, não se esquecem da humildade temos de aplaudir e nunca tentar esfriar as suas acções. É no mínimo desonroso tentar ombrear com estas situações. Devemos sempre tentar proporcionar integração e nunca afastamento.

Na nossa vida, ao longo do tempo iremos ocupar cargos que nos exigem postura e distanciamento. Não deixamos de ter a nossa opinião, o nosso pensamento. Devemos ter em conta quando podemos ou não representar o nosso interesse sem afectar o geral. Mas nunca colocar o ego à frente do interesse a que se está vinculado.
Durante estas eleições havia uma noção que provavelmente iríamos ter uma segunda volta para a DG. Esta segunda volta assumiu um carácter diferente da primeira. Com todos os órgãos já eleitos menos a DG iríamos ter à prova o princípio que eu acima referi. Sinceramente não consigo ter o alcance suficiente de todos os órgãos para dizer quem soube fazer a diferenciação. Mas existem dois órgãos inequivocamente importantes na composição da estrutura electiva que pela sua essência devem ser imparciais. A Assembleia Magna e o Conselho Fiscal. Quem fosse o vencedor deve ter uma colaboração estreita com estes dois órgãos.
Como disse, podemos ter as nossas preferências mas tendo sempre em conta o interesse geral. A imparcialidade não pode ser oferecida como garantia numa campanha eleitoral e depois da eleição à primeira ocasião ser esquecida. É de uma falta de noção total do interesse geral dos alunos e que coloca em causa uma politica de actuação isenta e que se pretende de julgamento independente da DG.
O que se passou no dia da eleição com representantes do conselho fiscal eleitos, a ter actividade parcial a favor de uma lista em desfavor de outra é uma demonstração clara da violação e da clara tendência que não nos garante que o trabalho a que foram sufragados seja desempenhado de forma correcta. Por mais desculpas que se idealizem, nenhuma irá repor o capital de confiança destruído. Seria quanto a mim e quanto a todos que defendem a independência dos órgãos não haver consequências para este tipo de atitudes. Quer por respeito a eles próprios, quer pelo respeito que devem a todo o edifício associativo da Universidade.

O direito de exigir responsabilidades não se esgotou. Pelo contrário, aumentou pelo conhecimento que adquirimos. Quem se alhear será somente mais um.

Vai sendo altura de na nossa sociedade exigir-se a cobrança de responsabilidades, e nós que seremos os líderes do amanhã, não podemos pactuar com esta indiferença constante.

8 de janeiro de 2010

Assim vai Portugal...

Isto é politica pura, jogamos todos este jogo. Mas será que as actuais futuras gerações terão poder suficiente para ter o discernimento necessário de ver o que está a passar?

O casamento entre homossexuais foi aprovado no Parlamento há minutos. Por mim já deveria ter sido aprovado.

Maioria de esquerda, suposto tema de esquerda, aprovado pela esquerda. Não vislumbro grandes problemas e para mim é um direito que assiste a quem o quiser aplicar. Penso mesmo que a minha geração e as antecedentes terão esta visão menos apegada a costumes bastante tradicionalistas e tendem todos para a respectiva legalização.

Para mim o problema grave é outro. Como disse o Presidente da República (e assinando por baixo) devemos neste momento concentrar-nos nas questões que nos unem e não nas que nos fracturam. Está certamente em causa um desmembramento de opinião momentâneo que o tempo atenuará mas que podia ter sido adiado ou antecipado.

Mas a noticia que marca o dia é outra. A taxa de desemprego atingiu 10.3% (http://economia.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1417211) e tem vindo sempre subir . Ontem Portugal ficou a saber que o valor que produzimos já não chega para as dividas acumuladas e em 2015 chegará aos exorbitantes 125% de rácio da dívida pública (http://www.ionline.pt/conteudo/40738-bpi-grandes-obras-vao-pesar-no-bolso-do-contribuinte-mais-cedo-do-que-se-pensa)

Até quando poderemos viver assim descontrolados? Não sei, mas hoje seguramente o assunto principal será o casamento entre pessoas dos mesmo sexo e o quanto isso irá contribuir para a felicidade dessas pessoas. Mas esquecem que existe uma situação gravíssima que irá afectar gerações futuras na sua estabilidade e felicidade. Eu sei que neste momento não parece ser tão fracturante, mas é um engano. Está em causa uma mentalidade incomportável e que quero ter fé que a minha geração não se coaduna e que vai ter a coragem de ter uma atitude responsável. Mas infelizmente não vamos poder ter essa opção. Vamos ter mesmo de ser responsáveis.