27 de outubro de 2008

Declaração de Valores

A relação entre a política e a vida pública, espaço a que esta se dirige é nestes dias um terreno constantemente incerto.
O filtro onde passa a mensagem e o fundo de sustentação da mensagem estão incrivelmente desanexados a uma obrigatória declaração de valores, de missão. Estão desanexados porque existe pouca força de vontade em repensar a razão do serviço público, que é na sua excelência a política.
Nos tempos que correm, é comum e agradável do ponto de vista social exprimir que os políticos são na grandíssima maioria uns praticantes de uma religião avessa a tudo que não seja a protecção do seu ego. Emitir uma opinião hoje, é descartar os aspectos singulares de uma questão e fazer tábua rasa da situação. A exigência decaiu, deixou-se que a nossa exigência fosse contaminada. Na semana passada, li um artigo onde Maria José Morgado, afirma que o nível de exigência feita aos políticos não é feito na igual proporção em relação ao nível de exigência pessoal. As razões do problema residem tanto aqui, como na actuação de agentes políticos que assentam as suas práticas, não sei se poderei chamar numa deformação de valores, porque esses nem estão definidos, mas assentarão muitas vezes no valor da conveniência do momento, disso tenho a certeza.
O maior contributo que se pode dar neste momento difícil da vida politica portuguesa, é sem dúvida, um discurso uniforme, construído em valores seguros e centrado no apelo à coerência, verdade e honestidade. A ideologia, os eleitores destrançam, mas essa vontade (perdida), só é aplicada se souber à partida que não é pedido para acreditar em algo construído sem fundamento, sem valores, baseado no incerto e no ocasional. Da mesma forma o receptor tem de receber a informação com intenções formadas numa conduta de valores bem definidos.
Existe no meio onde a mensagem passa o tal filtro, feitas não raras as vezes de critérios arbitrários, indo mesmo contra a sua doutrina. O filtro jornalístico. Não vou referir os relatórios da ERC, não vou falar desta ou daquela pretensa noticia. Quero sim, é saber porquê que as linhas editoriais cometem tantos desvios, porquê que se compadecem com o compadrio. A responsabilidade, a pressão que incumbe “o ser jornalista” não pode estar susceptível de quaisquer ligações a relações de poder.
Como no início disse, é incrível dizer, fazer algo sem método, sem estar baseado num declaração de valores, sem haver uma base de sustentação. Acho mesmo insuportável, isto é uma exigência básica.
Enquanto, todos estes responsáveis por assegurar o serviço público continuarem a claudicar, continuarem a ferir as suas responsabilidades de individualismo, de alheamento e desacerto no que representam, vamos todos continuar a sofrer deste alheamento.
Comboio Faro

9 de outubro de 2008

Quando o 'lobby' contamina o Mérito!

Muitas vezes existem grupos de pressão que insistem em vender o Mérito, retirando assim um prémio justo, a quem se esforça, é competente, e acima de tudo concilia isto com eficácia traduzida em resultados.

Digo isto, porque irrita profundamente que a eleição do melhor jogador de futebol do mundo esteja a ter intervenientes que não são totalmente correspondentes aos candidatos naturais que nós esperaríamos. Existe um que todos nós sabemos, que cumpriu objectivamente e bateu todos os critérios admissíveis (e mais alguns) para receber o galardão. E depois existe mais uns devido ao Campeonato da Europa que poderão ser equacionados. A seguir vem um jogador espectacular, vibrante que tem estado lesionado grande parte do tempo que a eleição do prémio abrange, quando não esteve, não conseguiu carregar a equipa às costas em nenhuma das competições em que participou, mas no Verão, num torneio de jogadores com idades inferiores a 23 anos (tirando 3 jogadores) foi campeão e passou a ser um candidato natural a receber o prémio. Por obra e graça da comunicação social espanhola e argentina. Este prémio significa potencial atingido e não potencial a atingir. Sim, temos um jogador que é o melhor do mundo em factos, sim temos. Agora reconheçam-no como um trabalhador merece quando de destaca na sua actividade. Cristiano Ronaldo.