19 de junho de 2010

José Saramago

Desapareceu aquele escritor, aquela pessoa, que tinha um dom para usufruir da liberdade em toda a sua plenitude.
Ideologicamente estamos longe, mas no rasgo libertário, acompanho-o lado a lado.
Dizia o que sentia, o que o feria mas sobretudo dizia o que queria. O seu vulto cobria e enchia de respeito as palavras que proferia. Mesmo quando as palavras encontravam-se distantes do que eu achava ser razoável e sensato.
Deixa um legado grande e sinto-me grato por um português ter disponibilizado a sua arte ao dispor da sua terra. Acho que foi daqueles casos em que recebeu em vida a justa reversão pelo que deu.
Na hora da despedida voltou a receber o agradecimento de todos, porque nós na hora da despedida somos sempre de levantar armas e conceder medalhas.
Desta vez eu não levanto as armas, nem concedo medalhas porque a sua obra é eterna e vamos senti-lo sempre por perto.